
Num recente encontro debatemos sobre a inovação e a tecnologia.
Boeger: Prof. Roberto, na sua opinião, qual o impacto da Tecnologia na gestão de leitos?
Roberto Farias: Somente para ilustrar a diferença entre tecnologia e inovação. A tecnologia nasce no berço acadêmico. A inovação no chão de fábrica.
Boeger: Gostei disso. Fala mais…
Roberto Farias: Inovação, por exemplo, é utilizar a tecnologia para um resultado sócioeconômico sustentável. Um produto ou serviço para ser considerado inovador deve apresentar resultados que sejam economicamente viável, socialmente justo e sustentável.
Boeger: Sim. Muitas tecnologias já concretamente sedimentadas ainda não estão disponíveis para algumas instituições de saúde. Notadamente na hotelaria, por falta de observações mais nítidas ou por se limitarem nas experiências pessoais ou territoriais não satisfatórias. Até a alocação de custos errada pode afetar a forma de perceber a necessidade deste investimento.
Roberto Farias: Sim. Como exemplo, podemos citar novos conceitos de dimensionamento de pessoas e protocolos na Higienização de leitos e setores fechados alinhada com a cultura da limpeza contínua de algo que aparentemente não parece ser necessário. É como treinar penalidades no futebol sem entrar na quadra.
Boeger: Sim. Existe o risco de se criar protocolos e determinar frequências de ações em acordo com as melhores práticas teóricas sem, por vezes, ir a campo e conhecer os detalhes do gramado, a temperatura em campo e o clima de quem vai jogar o jogo.
Roberto Farias: A tecnologia quando empregada adequadamente é um visor que pode contribuir para enxergar o que por ser óbvio, pode se tornar invisível.
Boeger: Gostei dessa ideia. Na hotelaria, tem “muito” óbvio que precisa ser notado para aumentar a qualidade dos serviços. Às vezes somos impiedosos ao calcular quanto de investimento uma inovação pode custar. Mas nesta análise, muitas vezes, não se calcula quando custa ao não inovar. Quando custa hoje, de verdade, esta operação atual sem a tecnologia pretendida. Os gastos estão capilarizados e não se percebe e nem se calcula, aquilo que parece óbvio.
Roberto Farias: Inovar será o grande desafio para os gestores contemporâneos. Diante de tanta oferta, saber escolher e definir aquela tecnologia capaz de entregar a melhor opção para cada hospital.
Boeger: Concordo. A inovação passa por uma cultura de desempenho. Pode ser desafiador para muitas lideranças conseguir promover um clima de inovação no setor, onde errar faz parte do jogo e acertar deve ser celebrado constantemente entre os times de co-criação.
Consegue imaginar o resultado e impacto que este ambiente é capaz de causar nas equipes?
Roberto Farias: Sim. Óbvio que sim…
(risadas)